sábado, 23 de julho de 2011

Luz e cegueira

Algumas mariposas voavam próximas a uma vela, até que uma delas ao aproximar-se demais entrou em combustão e virou uma pilha de cinzas.

Acordar de súbito após uma noite de sufocamento, nos traz pensamentos estranhos logo pelo café da manhã, encarar o sol sem um óculos escuro no rosto traz a mesma sensação de encarar deus, pavor e dor.

Me senti deslumbrado, tal qual uma mariposa que voava próxima a lamparina a óleo, engraçado no entanto que era algo divino... Não amedrontador, mas sim reconfortante. A loucura de encarar a morte com um certo desdém e achar que tal luz seria nossa salvação.

Cegos e errantes, assim são os seres humanos. Blasfemos, hipócritas e loucos. Imitam a vida achando que é arte... Voam no desespero da própria morte rumo ao fogo e deixam-se queimar por um orgulho vão!

Dor... Fui humilhado e cegado pela luz do sol. Me reduzira a uma pilha de escombros morais e filosóficos. Tudo isso por que me expus a luz... Brinquei de ser quem eu não sou, voei alto demais que nem Ícaro e queimei minhas asas... Que agora jazem próximas de mim, uma espécie de pó tumular, cinzas de um futuro que joguei ao fogo.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Capítulo 5 - Escuridão e Asfixia




Amigas desde a infância, Escuridão brincava sempre com Asfixia, e aqui tornam-se entidades pelo emprego de maisculas em seus nomes, representam de igual pra igual sensações.


Sem visão e nem voz, nosso protagonista arrasta-se, busca fôlego, tenta cantar, nada.
uma manifestação da noite em sua visão, uma corda em sua garganta. Convulsiona, luta e morre.
Uma mulher esbelta, cujo batom é de um vermelho violência, e cujas roupas são bem ajustadas em seu corpo e de cor branca, guia setenta e cinco pequenas criaturas a uma saleta de espera, ela volta amuada, encara o nosso protagonista (cujo rosto lembra muito o de alguém que já encontrara antes) e leva as outras vinte e cinco pequeninas pessoas (e de aspecto pior das anteriores) a uma outra saleta. Nosso protagonista, ainda inerte em um sofá aveludado, baba entredentes e murmura cinco vezes um nome, a Morte, cansada de folgados como aquele, decide a plenas risadas que além de já ter o visto antes, não era a hora dele...

Dor, Ardência, Fogo... Goladas de ar inexistentes, luz atravessando grossas camadas de fuligem, não, sombras... Luz penetrando sombras... Um baque surdo no chão duro de azulejos. Asfixia se contorce de agonia, Escuridão se retira com medo de que a luz a cegue ou a destrua, nosso protagonista levanta-se, procura a corda metafórica em seu pescoço e a arrebenta. Sem mais necessidade disso ele diz Saiam, fujam, corram e desapareçam grita para Escuridão e Asfixia, sonhara que tinha morrido, encontrado com Deus e a Morte, na verdade na noite que se passara também havia sonhado, sonhara que seu corpo incendiara e para apagar as chamas lançava-se ao mar, ilusão, talvez, mas uma fina linha escura que percorria o seu peito e traçava espirais em torno do coração o contradiziam. Infelizmente ele não enchergara a si em um espelho...

Evocaste-me, uma voz, vinda de lugar nenhum, sugere. Quem és tu? Indaga o protagonista. A voz por vez responde deliciada: Sou tu, e tu sou eu, ambos somos um e desse um, somos milhares e ainda assim, uno somos. Mas o que importa é o fato de teres me evocado. Se o nome que chamou não te pertence, por que usaste? Vim dar-te minha ajuda e minha sabedoria.

A voz fantasmagórica manifesta-se em camadas de alegoria, nosso protagonista então entende o por que e as inúmeras razões de ele então ser e existir, mas tais explicações não chegam de fato a algum lugar e o Personagem, já estafado de tantas incursões metafísicas, chega a única conclusão real. Necessita fazer alguma coisa. e alguma coisa deve ser feita, mas nada em exageros ou em dramas novelescos.

Sua ação rapidamente é tomada como satisfatória, e a voz espectral fenece como se nunca tivera existido. Nosso protagonista, arrebatado pelo conhecimento, dirige-se a seu lugar de repouso e simplesmente volta a dormir.





Eis que sonha o Sonhador, e dorme o Adormecido... Em cântaros suas lágrimas abastecem o bálsamo daqueles que sentem dor, e em seus sonhos tudo é possível.
Porém sua voz permanece Calada

sábado, 4 de setembro de 2010

Interlúdio e Entreatos: A avenida Iluminada

Seguem pelo mesmo caminho duas pessoas distintas, porém com o mesmo objetivo final, conversam, riem, andam trôpegos, trocam sorrisos. A luz das arandelas nos postes, distorce as sombras dos dois, tornando-as maiores e fazendo-os serem iguais. Dois iguais caminham, mesmo objetivo, mesmas sombras, mesma ternura? Não se sabe.

Seguem até onde deve-se esperar, pela última carruagem do destino, a noite ainda é uma criança, mas de certo eles precisam voltar aos seus refúgios, a noite traz consigo perigos escondidos e as velhas necessidades do corpo. Um toca o outro, em seu ombro a mão de um faz morada, olhares dissipam-se em camadas, alçam vôos as imaginações, uma música tênue ainda pode ser escutada... Memórias de um tempo que já passou, sem dúvida, mas que ainda não morreu. Ambos se abraçam, o coche havia chegado...

O que era um duplo mural, se torna uma pintura fosca de um único instante, um retrato impressionista da luz e das sombras que antes os envolviam e agora não mais. A luz os separa, rasga-os em pedaços distintos novamente e assim a crueldade do frio noturno, assola mais a um do que ao outro. Não há respostas. Não há sons. Não há mais música.

A chama fria que queimava nos olhos de um deles, se extingue quase que completamente, sendo então absorvido pelas sombras que o cerca, na tentativa de tornar a ele mais completo, quanto era a minutos atrás do outro, houve-se apenas o adeus e uma bênção antiga. Nada mais.

Infinitesimal era a profundidade do mar de sombras onde um se lançou, e jaz inócuo ali, esperando... Para na manhã seguinte acordar e ainda tentar lembrar. De quão diabólica a solidão pode ser, e de quão distinto do outro ainda se pode ser... No meio de todas as sequelas da noite anterior... A chama, que descança na pira do Ego, queima e diz suavemente, a palavra da qual se desejou muitas vezes esquecer: Paixão.

sábado, 21 de agosto de 2010

Capítulo Terceiro - Reality, the parody show

Atados ou não ao contexto de realidade, somos forçados a crer 'num que' maior, porém essa mesma entidade ou centróide humano é capaz de nos tirar da esfera racional... Foi assim que eu me senti então, ao descobrir que eu não era absolutamente nada perante fatos imutáveis.
Quanto mais sábio e mais puro, mais ignorante e mais impuro o homem se sente... Não me julgando detentor de um conhecimento além da minha vivência... Porém me sinto assim, imundo e estúpido. E pensar que poderia me sentir realizado por ter aquilo que eu desejava... Enfim. Minha realidade inventada acaba por se chocar com o duro chão de mármore que os outros vivem e assim me frustro... Cada dia mais.
Uma paródia da vida a minha própria vida, aos costumes daqueles que nunca ousaram, e nunca ousariam pensar de modo diferente do comum...

Frio e orgulhoso? Sim, porque não admitir um dos meus inúmeros defeitos? A busca da minha felicidade se resume na aceitação de quem eu realmente sou, e não em omitir meus defeitos e viver infeliz. Se sou realizado? Acredito que estou longe disso... Ainda há o que purgar e ainda mais sabendo que vivo um tremendo pastelão diário.

Os obstáculos se apresentam diariamente, as risadas são muitas (já não há a necessidade de chorar?) mas as personagens nunca mudam.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Capítulo 2: Dark reunion with fate

As horas me cansaram, de tanta espera em nada resultou, vivi um paradoxo nesse interlúdio temporal. Entre o ser passado e o ser presente e talvez entre aquele que eu irei ser um dia. Sonhos me mostraram caminhos abertos, pessoas que entrariam na minha vida, e também os personagens que simplesmente sairiam de cena. Um script perfeito...
Mal usadas foram as horas, da reunião que o destino me aprontou. A morte usava um batom escarlate, contrastava com seus olhos verdes, Deus era esculpido em mármore e gelo, reunião das qualidades distorcidas de um conceito divino... E eu, mal arrumado em uma sala com ambos poderes da terra. Minha vida e meu desprezo... Final agonizante dessa jornada... estranha e onírica.

domingo, 12 de julho de 2009

A espera das horas

Cada minuto, segundo
tragédia inominada
em cada desejo imundo
a cada hora marcada

felicidade galopante
tristeza abundante
ódio da face irritante
relógio, tic-tac...

minha felicidade se perdeu
cansei da espera
entre um ponteiro e outro
cansei das horas

tic-tac...tic-tac...tac-tic!
não importa
já perdi
cansei das horas, cansei de ti

cada minuto, segundo
a tragédia já formada
e cada sentido sem sentido
à espera...inacabada.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Eis que volto aqui, ainda sem minha pérola editorial, mas com um textículo (sem ofensas à quem não entendeu o trocadilho, claro...)

Capítulo 1 - 'Infortuneteller' -

Bem, minha vida se resumiu a passagens desgovernadas de depressão e ascensão, talvez similar a uma Roma sentimental e psicológica... É engraçado dizer isso quando eu não estou sentindo nada nesse exato momento. Nem infortúnio, nem angústia, taanto menos felicidade ou algo similar... Analisando alguns aspectos dessas passagens se pode remontar inúmeras cenas de um teatro abandonado, poucos personagens no palco não resumiriam uma peça ruim, mas talvez um script pequeno ou direcionado para poucos atores...
O que eu quero dizer é que nesses anos vividos como em cima de uma montanha russa, me serviram para refletir o que eu fazia e ainda faço com as pessoas que me circulam, as vezes as trato como os atores da peça da minha vida outras, apenas tento contradizer a minha direção mudando-as de importância no que seria esse teatro da vida... Enfim... Algumas coisas com pouca relevância durante o momento vivido, mas que quando são analisadas refletem minha total falta de real interesse nelas, Transformando o que parecia uma banal peça de teatro, num simples plano de fundo em branco.
Ausente de qualquer consolo espiritual ou filosófico, ou até mesmo anteogênico como uma vez citou minha terapeuta, eu acabei buscando meios de me 'buscar' e tentar entender passos fundamentais dentro de mim... Em resumo...Me frustrei [risadas].
Buscando uma fundamentação freudiana (ou fróidiana como li em um artigo na internet) percebi que meu caráter psicológico se baseava no pi-freudiano da bissexualidade. Bem não que eu realmente fosse bissexual, mas me dirigia a todos com essa energia e motivação e pelos meus atos ou anteriores análises do comportamento, percebi como a manipulação praticamente explícita, se operava através dos meus olhos, boca e corpo. Enfim não quero que vocês acabem digerindo um tratado psicológico... Mas entendam eu era um titereiro em suma... Uma criança pidona ou um cão SRD que ficava mendigando atenção.
Me tornei o oposto de um Leitor da Sorte, praguejando, com meu auto-moralismo e um decadente senso de negativismo, caso que me tornei o que sou agora. alguns podem dizer pelo arquétipo da leitura, que sou um psicótico-maníaco-depressivo, ou até um outro doente que tortura os outros por diversão. Mas não. Ao passo que fazia inconsciente algo degenerativo à mim e aos outros...
Não quero lustrar minha pérola e vender a vocês a imagem de um santo, muito menos um alguém digno de nota. Sou isso e ponto. Um ser humano dotado de faculdades criativas e destrutivas, um caos organizado e uma panela de pressão no ponto de bomba. Sou o Flagelo e a Redenção de mim mesmo, assim como cada um é o seu próprio espinho e alívio.
[risadas] Perdi um amigo, isso foi doloroso...Mais doloroso ainda foi constatar o porque de tanta dor, nunca julguei o fato de termos menos de algumas horas de proximidade um fator de impedir uma amizade com ele. Mas a questão é... Eu queria pra mim o que ele era. Uma inveja contorcida em desejo? Não! Um amor homossexual incubado na amizade hétero? Muito menos... Eu desejava ele perto de mim e ponto. Egoísticamente falando. Ciúmes! Na cara dura, sem meias palavras... E agora ele vai viajar e ficar longe de mim definitivamente... Um alívio da dor que eu sentia por não pdoer cmpartilhar com ele momentos mais amigáveis ou então um simples beber de chopp enfim... Morreu.
Sentiu o drama? Tá eu sei que foi exagero da minha parte eu negritar Drama mas foi o jeito mais autêntico que eu encontrei... Pra expressar que minha dor.... Era tipo...ou alguma coisa assim...
Não gosto de despedidas, as odeio, são incertezas jogadas ao vento que não podem ser colhidas... Por isso através dessa carta e de outras que eu escrevi, acabei me afastando dele... Sou um gerador de infortúnios e por isso pretendo não incomodar mais ninguém com minha presença.